2003-06-19

Aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento
A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO
Por Elisabete Serapicos

Na sociedade actual e futura, o conhecimento cada vez mais assume um papel central. Os recursos básicos passam a contar, além do capital, dos recursos naturais e da mão-de-obra, com o aporte dos conhecimentos necessários aos processos produtivos e de negócios.

Tradicionalmente, os activos físicos eram a base do êxito e do valor da empresa na era industrial. Mas se escolhermos uma empresa cujo êxito e liderença actual seja inquestionável como a Microsoft, várias questões podem ser colocadas. Quais são os seus activos fisicos? Que valor patrimonial revela o balanço da sua contabilidade? Provavelmente é inferior ao de muitas empresas industriais que actualmente estão a passar por dificuldades. Que se passa então? Simplesmente este tipo de empresas se constroem sobre o que sabem fazer, não sobre o que produzem. Os seus activos são compostos por patentes, produtos e capacidades organizativas e o seu incremento de produtividade baseia-se na inovação permanente e no conhecimento aplicado. Por isso, encontramo-nos num novo ambiente competitivo no qual uma empresa deve saber fazer bem. A utilização adequada dos activos intangíveis permitirá a uma empresa com recursos fisicos e tangíveis parecidos a outra converter-se numa empresa de êxito. A base da sua vantagem estará em como administra tanto a aprendizagem individual de cada trabalhador como a aprendizagem colectiva.

Para que o conhecimento se transforme numa fonte de vantagem competitiva não basta que exista. É necessário que se possa adquirir, criar, distribuir, armazenar, compartir e utilizar pelos membros da organização de maneira oportuna e no momento adequado. Por outras palavras, o conhecimento deve-se converter no negócio, na fonte de riqueza mediante um tratamento adequado. A isso, chamamos gestão do conhecimento.

Gestão do conhecimento pode definir-se como um conjunto de processos que utilizam o conhecimento para a identificação e exploração dos recursos intangíveis existentes na empresa, assim como para a geração de outros novos. É um conjunto de actividades e iniciativas específicas que as empresas levam a cabo para incrementar o seu volume de conhecimento corporativo.

Há um conceito central – que a maioria dos outros autores usa – do livro de Nonaka e Takeushi, "Criação do Conhecimento na Empresa", que é o do conhecimento tácito versus o conhecimento explícito. O conhecimento tácito é aquele que as pessoas possuem mas não está descrito em nenhum lugar, residindo apenas na cabeça das pessoas. O conhecimento explícito é aquele que está registrado de alguma forma, e assim disponível para as demais pessoas. Muito do que é feito então em gestão do conhecimento é em cima dessas sucessivas passagens de conhecimento tácito para explícito, e vice-versa, na chamada "espiral do conhecimento".

O conhecimento tem uma importância fundamental como vantagem estratégica chave das organizações. O conhecimento é consubstancial ao ser humano. E as pessoas sempre foram componente básico e primordial nas organizações. Porque se fala agora da gestão do conhecimento? Qual é o fenómeno que provocou a aparição deste novo modelo de gestão? A resposta está na implantação e generalização das novas tecnologias de informação. Estas tecnologias são as que originaram o nascimento de uma nova era baseada no conhecimento, já que permitiram potenciar o capital intelectual das organizações, até ao ponto de o converterem na principal vantagem competitiva.

Perante estas novas “regras do jogo”, a empresa que aproveite as capacidades intelectuais da organização, que desenvolva a sua capacidade de aprendizagem, que potencie a inovação constante e a criação de novos conhecimentos, que desenvolva os sistemas e a tecnologia necessária para isso. Adquirir e gerir estas capacidades, conhecimentos, rentabiliza-los, converter o capital intelectual em capital financeiro, é o novo paradigma.
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