2003-10-17

OS DRIBLES DA DECO

O poder e influência da DECO (não, não confundir com o rapaz dos dribles) é indesmentível. Em certa medida, é bom que assim seja pois, tradicionalmente, os consumidores são um grupo menos favorecido. Mas também a DECO tem telhados de vidro. Expliquemos porquê.

Durante vários anos fui sócio da DECO. Recebia a Pro-Teste que arquivava religiosamente nas pastas vermelhas que me vendiam à parte. A partir de determinado momento recebia uma outra revista sobre dinheiro, qualquer coisa intitulada Dinheiro & Direitos ou Direitos & Dinheiro. Numa ou noutra ocasião quis esclarecer umas dúvidas ligeiras sobre direito do consumo e comprovei por mim próprio que o serviço funcionava. Como resultado, a minha lealdade tornava-se acrescida. Como consumidor comecei, contudo, a ficar mais atento quando a anuidade atingiu valores que comecei a achar menos simpáticos. Mas, nem por isso, alterei a minha filiação. Quando, contudo, comecei a tomar várias decisões de compra com base nos testes e nas escolhas acertadas da revista, a coisa complicou-se. Verifiquei, nessa altura, que os artigos mais recentes estavam, à data da publicação, desactualizados. Isto aconteceu por mais do que uma vez quando procurava adquirir ou obter infrmações sobre produtos bem referenciados na revista. Nessas vezes fui informado pelos produtores ou distribuidores daqueles produtos que os modelos em causa tinham sido substituídos ou descontinuados no mercado. Desde então deixei de valorizar a Pro-Teste, ainda que continuasse a acreditar na DECO.

Os custos da anuidade associados a publicações que não valorizava tinham evidentemente significado, desde logo porque deixei de acreditar nos testes. Após informar-me, decidi então suspender todas as assinaturas e manter-me sócio do que julgava ser uma associação de consumidores. E assim fiz, estando longe de imaginar que o divórcio estava em curso. Na verdade, por mais telefonemas que fizesse ou cartas que enviasse, a associação nunca me respondia. Mais grave ainda, recebia sim ordens de pagamento num valor que julgo ser o das quotas da DECO, mas emitidas por uma sociedade comercial intitulada qualquer coisa como Edideco, Lda., que, julgo, edita as publicações da associação. O certo é que as minhas reclamações sobre a incorrecção deste procedimento nunca obtiveram resposta, nem tão pouco uma simples constatação do seu recebimento.

E foi assim com estes dribles faltosos da DECO que deixei de acreditar integralmente nesta defesa do consumidor. Ficou mais claro para mim que mesmo este tipo de organizações tem muito a ganhar quando se verificam algumas das condições que a própria DECO defende junto de fornecedores de produtos e serviços. Referimo-nos, em primeiro lugar, a algumas doses de ética e moral, mas também a alguns suplementos de concorrência que, no próprio sector da DECO, escasseiam imenso.
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