2005-03-25

OLHA PARA O QUE DIGO, NÃO PARA O QUE FAÇO. Na sua última página de hoje o JN diz que os gestores dos hospitais têm de devolver retribuições. Integralmente, a notícia constata: "O Ministério da Saúde enviou documentos para 85 hospitais, para que os gestores corrijam e devolvam retribuições indevidas detectadas pela Inspecção Geral de Saúde. De acordo com uma notícia da edição de ontem do "Jornal Nacional" da TVI, a IGS, que terá averiguado todos os hospitais e administrações regionais de saúde, considera que devem ser repostas despesas de representação, de combustível, movimentos de cartões de crédito para fins pessoais e prémios recebidos indevidamente. Nos hospitais sociedades anónimas, para os quais o anterior ministro requisitou dirigentes de empresas de sectores estranhos à saúde, a IGS verificou que estes não só mantiveram os vencimentos que auferiam anteriormente - várias vezes superiores aos que lhes caberiam - como continuaram a beneficiar de regalias como prémios de produtividade das empresas de origem, mas debitados por estas aos hospitais. Em 36 hospitais públicos, verificou-se que gestores recebem despesas de representação referentes a 14 meses, usam carros de cilindrada superior à permitida e debitam combustível a mais." Lida a notícia, parece claro que estamos perante uma situação em que a ética não abunda. Na verdade, se é suposto que a trasnformação da personalidade jurídica dos hospitais e a contratação de gestores mais capazes pretende em parte reduzir custos e despesas, então espera-se que sejam os próprios gestores os primeiros a dar o exemplo. Ora, não o fazendo e tendo um comportamento contrário áquilo que advogam, como irão eles conseguir criar uma cultura de custos baixos? Enfim, a distância entre o que se pratica e o que se apregoa é tão longa como é escassa a falta de ética e moral. Se a empresarialização dos hospitais é para isto, então o melhor é não empresarializar!
© Vasco Eiriz. Design by Fearne.