2005-04-29

DOUTORES E ENGENHEIROS. Confirma-se o que todos já suspeitavam. As intenções do Governo apontam para que a nova lei de bases do ensino superior dê liberdade de escolha sobre a duração do primeiro ciclo de formação: três ou quatro anos. Se, por um lado, é saudável que se introduzam algumas medidas liberalizadoras no sector, por outro lado, Portugal foge à tendência europeia de três anos. Enfim, paradoxos que por cá abundam: regula-se o que não se deve regular (por exemplo, as propinas de mestrado) e entrega-se ao "mercado" o que deve ser regulado. Sobre esta medida, não deixa também de ser interessante notar um outro paradoxo: taxas de abandono escolar altissimas, a envergonhar o país, associadas à formação de doutores e engenheiros em ciclos mais longos do que os nossos mesmos parceiros que registam um abandono escolar bem menor! Com a decisão sobre a duração do primeiro ciclo fica a ideia que prevaleceu o lobby do ensino superior. Parece também notório que, ao optar-se pela designação licenciatura, se evidenciam os complexos da sociedade portuguesa para com a formação de bacharéis em três anos.
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