PINHO COM AUTOEUROPA. Anda por aí um alvoroço interessante. Resumidamente, a coisa pode ser colocada nestes termos, conforme foi efectuado pelo Diário Digital há menos de duas horas:
"O ministro da Economia responsabilizou hoje os trabalhadores da Autoeuropa pela eventual inviabilização da fábrica da Volkswagen em Portugal, ao recusarem o acordo salarial proposto pela administração."
Na mais típica trapalhada portuga e no chinfrim a que nos vamos habituando, a rádio está a noticiar que o homem, além de preocupado, foi acudir à desgraça. É pena que assim seja porque a possibilidade da Autoeuropa abandonar Portugal tem tantos anos quantos os do investimento, sendo certo que há já muito tempo essa possibilidade é cada vez mais real. Na verdade, como Pinho diz, e diz muito bem, "os trabalhadores trocam a possibilidade de mais horas extraordinárias pela certeza de mais desemprego". O que Pinho não explica é o porquê deste comportamento de muitos sindicatos. Talvez Pinho devesse também dizer aos seus colegas de Governo que a actual legislação laboral portuguesa e a rede de protecção social a ela associada - nuns casos despropositadamente benéfica, noutros inexistente - também não facilita a criação de emprego ... com ou sem horas extraordinárias. Por outro lado, Pinho e os seus colegas do Governo têm que ter a noção que o tecido empresarial português não é só a Bombardier, Autoeuropa e uns quantos elefantes brancos que por aí andam. Será que Pinho vai passar a acudir cada empresa em que não haja entendimento salarial entre trabalhadores e administração?