2006-02-03

REFLEXÕES DE ÉVORA I. Terminam dentro de momentos em Évora as jornadas luso-espanholas de gestão. Presentemente este encontro é o principal fórum de reunião de académicos a trabalhar em gestão em Portugal. Contribui para isso um historial alargado, uma grande diversidade de temas cobertos e, não menos importante, a dimensão do encontro, factor a que não é alheio o facto do encontro ser de âmbito ibérico. São dois os ascpectos que gostaria aqui de salientar. São aspectos que tinha já observado no encontro de 2005 em Sevilha e que Évora parece vir reforçar. Tratam-se evidentemente de impressões subjectivas que carecem de análise objectiva e válida mas que, em todo o caso, vale a pena partilhar. O primeiro tem a ver com o número de autores de cada comunicação. Numa rápida vista de olhos nos programas de 2005 e 2006 fica a impressão que os artigos assinados por três autores são mais comuns no lado espanhol do que no lado português. A ser verdade, este indicador poderá revelar um índice de produção científica colaborativa mais intensa em Espanha do que em Portugal. Algo que deverá merecer reflexão de todos os autores nas suas estratégias de produção e distribuição científica. Não menos importante, o segundo aspecto que gostaria de realçar tem também a ver com autoria, mas neste caso o envolvimento de autores brasileiros. Naturalmente, por motivos facilmente compreensíveis, a participação de brasileiros neste evento é reduzida. Em todo o caso, em várias dessas observações, vale a pena registar o facto de que essa participação se verifica geralmente em co-autoria com investigadores espanhóis. Conversei já com colegas brasileiros sobre a estranheza que o facto me suscita e a explicação parece simples. Espanha é, neste momento, um destino para investigadores de doutoramento claramente mais atractivo do que Portugal. Apesar da limitação da língua, um brasileiro encontra em Espanha propinas bem mais baixas em universidades que não são piores e em muitos casos são claramente melhores do que as portuguesas. Como se não bastasse, as barreiras administrativas e legais parecem ser bem menores no momento do reconhecimento dos primeiros graus. Ponderando estas duas refelxões que resultam duma observação subjectiva das jornadas luso-espanholas, fica ao critério do leitor fazer outras leituras.
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