2006-10-03

ADSE. Este Governo tem coisas que irritam qualquer alma. A última delas tem a ver com os descontos dos funcionários públicos para a ADSE. Até agora, além de outros descontos, um funcionário público desconta 1% do seu vencimento para a ADSE. Pois bem, o Governo concluiu o que todos já sabiamos há muitos anos: a ADSE, uma espécie de regime privativo dos funcionários público, é muito mais benéfica que a Segurança Social, o sistema público que se aplica aos privados! Como já não bastasse a generosidade da ADSE, sabe-se frequentemente pelos jornais que a ADSE é vitíma de burlas de muitos prestadores de cuidados de saúde sem escrúpulos; nalguns casos é até vítima dos seus próprios funcionários! Ora, concluiu o Governo que a ADSE não é financeiramente sustentável no actual modelo e daí a necessidade de mais um concerto. O problema deste Governo é que não consegue resolver o mal pela raiz o que pura e simplesmente implicaria igualar o regime de subsidiação pública ao privado. Por muito que isto custasse aos funcionários públicos, os dois regimes deveriam ser senão iguais, pelo menos idênticos. Uma segunda alternativa, menos boa que a primeira, seria afectar o custo a quem consome em excesso, ou seja reduzir a despesa. Só em último caso faz sentido que todos paguem cegamente por igual. Pois bem, das três alternativas, compreende-se que a moleza dos governos actuais não facilite a primeira, o que se lamenta. Mas já entre a segunda e a terceira alternativa, a opção pela última que se traduz num aumento para todos os funcionários da percentagem de desconto para 1,5% foi claramente a pior; dá-se um sinal errado à sociedade e continuam a fazer-se remendos pelo lado da receita, não pelo lado da despesa. Enfim, um erro crasso que Empreender rejeita.
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