2006-10-31

Episódios da vida académica 5

Dei conta à presidente da minha escola de uma reunião em que a representei ao mais alto nível da universidade; um "steering committe" para acompanhar a avaliação da universidade, percebo no decorrer da própria reunião com os demais presidentes de escolas, institutos, e equipa reitoral. Está em causa a avaliação da universidade que será feita pela Associação Europeia de Universidades. Esta é uma reunião de acompanhamento do processo para elaborar o relatório de auto-avaliação. Trata-se de um processo que já vai a meio e, sendo-me desconhecido, dificilmente conseguiria dar contributos naquela reunião. Percebo que existe um guião com questões bem colocadas, mas escassas e parcas em dados. No guião nota-se mais a delicadeza, por vezes pouco consequente de académicos, do que as baterias de artilharia duma boa consultora. Em termos da literatura em estratégia, o debate centra-se numa abordagem processual, não no conteúdo, não na essência da estratégia da organização. Está em causa a elaboração de um relatório, quiçá o ponto de partida para um outro relatório, plano ou coisa parecida. Pouco mais. Os prazos são apertados e é necessário dar contributos para o relatório. Noto uma grande preocupação com análises SWOT para isto, análises SWOT para aquilo, e análises SWOT para aqueloutro. Sinto que começar um exercício de análise pelo fim – que é o que está em causa numa SWOT – não é um bom augúrio, mas também não me parece que haja tempo para mais. Apetece-me intervir, mas aquele é um tabuleiro em que não voltarei a jogar. Depois de mais de três horas duma discussão interessante, é para mim claro que o fruto do exercício em curso vai ficar muito aquém do que seria possível. É, em todo o caso, um ponto de partida, um primeiro passo de auto-reflexão e avaliação que, se tiver continuidade e for crítico, será bem empregue. Desde que haja capacidade de criar mudanças – transformacionais como são hoje necessárias em qualquer instituição de ensino superior – e desde que os serviços que forem cobrados não superem os benefícios deste exercício.
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