Em circunstâncias normais, a associação dos utentes da A28 que veio hoje publicamente manifestar-se nunca teria razão em reclamar a não cobrança de portagens ao utilizador naquela auto-estrada. Mas subitamente, a política errónea e equívoca do Governo acaba por dar-lhe razão. Dá-lhe razão porque só quem não conhece a A28 é que pode pensar que existe uma alternativa a esta auto-estrada. De facto existe; é uma alternativa tão válida quanto a EN14 é alternativa à A3, a EN125 é alternativa à A22 ou a EN1 é alternativa à A1. Bastaria ponderar este critério que o Governo muito gosta de propagandear para se concluir que o Governo não tem razão. Não tem razão porque aplicando este seu critério, auto-estradas como estas não deveriam ter portagens. O equívoco governamental destes últimos anos acaba, desta forma, por dar argumentos válidos aos utentes da A28 e de muitas outras auto-estradas por esse país fora.
Se a política do Governo era errada ao excluir várias auto-estradas da cobrança de portagens ao utilizador, mais errada se está a tornar ao decidir cobrar portagens de forma arbitrária nuns casos em detrimento de outros. Se, como o Governo argumenta, existem estudos sólidos que sustentam a sua decisão, deve então torná-los públicos e sujeitar-se ao escrutíneo dos cidadãos e de outros estudiosos que não os amigos dos governantes que encomendaram esses estudos. Aqui em Empreender dá-se um desconto a este tipo de estudos. Ser-nos-ía suficiente compreender os argumentos políticos que estão por detrás de decisões destas. Decisões como, por exemplo, a manutenção de uma taxa de IVA altamente bonificada nas portagens em duas das pontes sobre o rio Tejo que, pura e simplesmente, a própria Comissão Europeia, considera ilegal.