2006-11-20

Episódios da vida académica 9

Há dias, pela primeira hora da manhã, recebi um telefonema da Guarda. Do outro lado da linha estava o director do jornal Nova Guarda, a quem Empreender propôs uma parceria. O motivo do telefonema de António Pereira de Andrade Pissarra era dar-me conta da intenção do seu jornal em aceitar a proposta que eu lhe tinha feito. A conversa decorreu com cordialidade. Fico a saber que António Pissarra é, além de director de jornal, director de um dos departamentos do Instituto Politécnico da Guarda. Ou seja, além de partilharmos o gosto pelas letras, somos colegas e conhecemos colegas comuns. Rapidamente a distância até à Guarda - essa cidade, salvo erro, dos cinco Fs - fica mais próxima. Dá-me o e-mail que se inicia com o acrónimo do seu nome em ordem inversa, isto é, PAPA. Brinco com a situação e pergunto-lhe se também exerce a função! Depois penso para comigo que não é todos os dias que temos um papa do outro lado da linha.

Aguçasse-me o apetite e peço-lhe que compreenda as circunstâncias mas que não poderia desperdiçar a oportunidade de ter à minha frente o director de um jornal da Guarda que ainda por cima é director de um departamento no politécnico local. E pergunto-lhe se é verdade o boato que dá conta da integração do Instituto Politécnico da Guarda na Universidade da Beira Interior. Dá-me um sinal negativo e percebo que teríamos conversa para toda a manhã. Pensando na origem do boato, rapidamente compreendo que em Portugal sempre procuramos o exemplo dos outros para legitimar os nossos próprios desejos e decisões, mesmo que o que se apregoa acerca dos outros não tenha fundo de verdade. Ambos concordámos que de boas intenções está o inferno cheio.

Trocámos ainda umas impressões sobre Bolonha, Braga e a Guarda, três cidades que afinal de contas podem ter um denominador comum. Terminada a conversa e depois dumas pesquisas e da leitura de um editorial do meu parceiro da boa Guarda, fico satisfeito por esta parceria se ter estabelecido.
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