A venda de medicamentos na internet
Por José Figueiredo
A Internet veio para ficar. É indubitavelmente a maior livraria do mundo, é na Internet que se adquire mais música e, entre outros, é também onde se faz a compra de muitos seguros. E quanto aos medicamentos? Por cá, é proibida a venda através da Internet, apesar de se comprarem muitos medicamentos, previsivelmente sem controlo das autoridades reguladoras, já que a logística subjacente à Internet, não permite tornar claro qual a origem do "site" e do armazém onde estão os medicamentos.
Vão as autoridades portuguesas, apoiadas pelas corporações da saúde, manter o "status quo"? Ou terão as autoridades a suficiente clarividência para enfrentar a nova realidade? O actual governo prometeu vir alterar a situação. Aguardemos.
Entretanto, as parafarmácias, que por agora só podem comercializar medicamentos de venda livre, ou seja sem a necessidade de prescrição médica, já vão existindo por cá, mesmo na versão "online", como é o caso da Pfarm.
Nos EUA, a Walgreens é uma farmácia "online" que comercializa medicamentos de prescrição médica, que só é possível realizar através da introdução de códigos de autorização. Ou seja, a Walgreens não se limita a vender aqueles medicamentos que nos aparecem através de "spam" no e-mail, e que nos permitem desconfiar da origem dos medicamentos. Claro que esta cadeia retalhista farmacêutica dos EUA vende muito mais do que medicamentos, desde cosméticos, até material de fotografia, no fundo aproveita as sinergias das economias de escala.
A Boots, no Reino Unido, tem uma grande dimensão na sua vertente "online", contudo ainda longe da dimensão de negócio da Walgreens.
Contudo, a Internet vai forçar a globalização das redes, e vai eliminar muitos "players" de pequena e média dimensão. Seria importante que Portugal começasse a investir mais nesta área, se não todos nós acabaremos por comprar numa qualquer Walgreens ou Boots. Ou será que quando precisamos de um motor de busca, não vamos ao Google? Ou quando queremos comprar um novo livro não vamos habitualmente à Amazon?
Naturalmente, que em serviços existem sempre dois componentes que não são despiciendos: o aconselhamento e o contacto humano. A farmácia de retalho tradicional terá sempre esses pontos fortes. Contudo, e tal como nos livros ou na música, haverá sempre produtos que poderão ser adquiridos à distância sem ser preciso aconselhamento adicional, como é o caso da aquisição repetida de certos medicamentos.
Temos sido demasiado lentos na adopção das novas tecnologias, e isso pode vir a custar muito à competitividade das empresas portuguesas.
José Figueiredo, autor da coluna Clínica Geral, é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISCTE e pós-graduado em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa. Possui vasta experiência profissional em empresas de vários sectores. É docente do Instituto Politécnico de Santarém, consultor na Allcare Management e investigador de doutoramento em Ciências Empresariais na Universidade do Minho.
Por José Figueiredo
A Internet veio para ficar. É indubitavelmente a maior livraria do mundo, é na Internet que se adquire mais música e, entre outros, é também onde se faz a compra de muitos seguros. E quanto aos medicamentos? Por cá, é proibida a venda através da Internet, apesar de se comprarem muitos medicamentos, previsivelmente sem controlo das autoridades reguladoras, já que a logística subjacente à Internet, não permite tornar claro qual a origem do "site" e do armazém onde estão os medicamentos.
Vão as autoridades portuguesas, apoiadas pelas corporações da saúde, manter o "status quo"? Ou terão as autoridades a suficiente clarividência para enfrentar a nova realidade? O actual governo prometeu vir alterar a situação. Aguardemos.
Entretanto, as parafarmácias, que por agora só podem comercializar medicamentos de venda livre, ou seja sem a necessidade de prescrição médica, já vão existindo por cá, mesmo na versão "online", como é o caso da Pfarm.
Nos EUA, a Walgreens é uma farmácia "online" que comercializa medicamentos de prescrição médica, que só é possível realizar através da introdução de códigos de autorização. Ou seja, a Walgreens não se limita a vender aqueles medicamentos que nos aparecem através de "spam" no e-mail, e que nos permitem desconfiar da origem dos medicamentos. Claro que esta cadeia retalhista farmacêutica dos EUA vende muito mais do que medicamentos, desde cosméticos, até material de fotografia, no fundo aproveita as sinergias das economias de escala.
A Boots, no Reino Unido, tem uma grande dimensão na sua vertente "online", contudo ainda longe da dimensão de negócio da Walgreens.
Contudo, a Internet vai forçar a globalização das redes, e vai eliminar muitos "players" de pequena e média dimensão. Seria importante que Portugal começasse a investir mais nesta área, se não todos nós acabaremos por comprar numa qualquer Walgreens ou Boots. Ou será que quando precisamos de um motor de busca, não vamos ao Google? Ou quando queremos comprar um novo livro não vamos habitualmente à Amazon?
Naturalmente, que em serviços existem sempre dois componentes que não são despiciendos: o aconselhamento e o contacto humano. A farmácia de retalho tradicional terá sempre esses pontos fortes. Contudo, e tal como nos livros ou na música, haverá sempre produtos que poderão ser adquiridos à distância sem ser preciso aconselhamento adicional, como é o caso da aquisição repetida de certos medicamentos.
Temos sido demasiado lentos na adopção das novas tecnologias, e isso pode vir a custar muito à competitividade das empresas portuguesas.
José Figueiredo, autor da coluna Clínica Geral, é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISCTE e pós-graduado em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa. Possui vasta experiência profissional em empresas de vários sectores. É docente do Instituto Politécnico de Santarém, consultor na Allcare Management e investigador de doutoramento em Ciências Empresariais na Universidade do Minho.