2007-10-22

Reformar instituições de ensino superior

Incisivo, J. Cadima Ribeiro, professor catedrático da minha universidade, lança hoje por correio electrónico algumas questões sobre a forma como decorre a aplicação da nova lei sobre o regime jurídico das instituições de ensino superior:

«Sabe que a reitoria da UMinho está a promover uma lista candidata à Assembleia Estatutária estruturalmente constituída pelos actuais presidentes das Escolas? Surpreende-o(a)? Isso não lhe causa repugnância? Eu responderia: quando as lógicas são apenas de poder e não de projecto, tudo é possível. Aliás, o modelo de bloco central vem presidindo há gestão da coisa pública em Portugal quase desde a reposição da democracia formal, no pós 74, com os resultados, lamentáveis, que são conhecidos de todos em matéria de desenvolvimento, equidade e coesão social. Não sendo a Universidade uma ilha, não admira que esse modelo possa ser trazido para a sua governação. Surpreendente, sim, seria assistir-se a um movimento de revolta contra os baronatos e as alianças de conveniência. Repito a pergunta: surpreende-o(a) o aparecimento na UMinho de uma lista candidata à Assembleia Estatutária promovida pelo reitor e estruturalmente constituída pelos actuais presidentes das Escolas?»

As questões em causa reportam-se a uma única universidade, mas valeria a pena equacionar de que forma a governação das instituições de ensino superior está hoje a ser debatida e, sobretudo, implementada em Portugal, quais as lógicas dominantes em cada uma das dezenas de instituições e unidades orgânicas existentes, receios, oportunidades, ameaças, mecanismos de participação, mobilização e renovação, comportamentos prevalecentes, receitas culturais em curso, etc., etc.. Vale a pena acompanhar.
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