2007-11-30

Um campus barulhento

O maior campus da Universidade do Minho é em Gualtar, Braga. Dizem-me que quem o arquitectou ambicionou um campus à inglesa cheio de amplos espaços verdes e só aqui e ali pontuado de edifícios. A ambição era larga, mas alguém de vista estreita deve ter confundido as manchas verdes com as manchas dos edifícios no projecto. Estamos pois perante um campus com um conjunto de amplos edifícios concentrados (e, ao que me dizem, alguns a afundar-se!), só aqui e ali pontuados por uns canteiros verdes. Por isso, fico sempre perplexo ao ler uma das frases que muito se usa dentro da universidade: "Uma universidade sem muros".

Como se não bastasse, de há uns meses a esta parte o campus tornou-se barulhento. Muito barulhento. Não sei se isto é um dos efeitos do processo de Bolonha, mas subitamente, logo a seguir aos calmos meses de Verão, mesmo no início do ano lectivo, alguém se lembrou que era o momento certo de cortar a relva. Ela não abunda, mas imagine o leitor os efeitos sobre as aulas e demais locais de trabalho provocados por ruidosos carrinhos de motor a cortar relva! Como num complô, cortada a relva, apareceu a praxe. Em pleno campus, desrespeitosa e barulhenta como sempre. Com muitos gritos, e mais gritos e muitos gritinhos, aqui e ali pontuados com uma grossa voz doutoral. Sempre a massacrar-me os ouvidos. Pensava eu que a praxe tivesse acalmado e não é que esta semana estrou em funcionamento em pleno campus de Gualtar, em Braga, uma daquelas brocas que se ouvem a centenas de metros!

Há quem garanta que este escabichar nada tem a ver com as eleições em curso, embora pelo nível dos debates electrónicos (e da broca), eu não esteja certo disso. Aliás, houve um momento em que suspeitei tratar-se duma acção de campanha à maneira do bloco. Não passava, contudo, de um partir de pedra, ou quiçá, duma escavadela para enterrar algo.

Com todos estes ruídos, não posso deixar de me questionar: que barulho se seguirá?! Será que o Pai Natal e as renas irão também passar por aqui em grande alvoroço? Talvez não; ao que parece este ano o Pai Natal vem de Bute. No campus da Universidade do Minho em Gualtar, Braga, tudo é possível.

Tem muros mas pode, mesmo assim, ver-se alguma relva

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