2008-01-30

Fragmentação no ensino superior

«O ministro da Ciência não vai autorizar a integração do Instituto Politécnico de Lisboa na Universidade de Lisboa (UL), tal como propôs o reitor da universidade, António Nóvoa. "Não tolerarei a integração e extinção do IPL", garantiu de forma veemente Mariano Gago, ontem, perante os deputados. Lisboa terá que continuar a ter um instituto politécnico. Mas a recusa não ficou por aqui. "Nem o Instituto de Engenharia de Lisboa (ISEL) será transformado na Faculdade de Engenharia da Universidade de Lisboa como pretende o reitor", acrescentou o governante. Nem os professores do IPL serão integradas na carreira da Universidade de Lisboa, reforçou o ministro. Justamente a criação de um consórcio do IPL e da Universidade de Lisboa é uma das propostas constantes do programa estratégico desta universidade aprovado a semana passada na assembleia estatutária da instituição. O objectivo deste processo é integrar e, eventualmente, fundir a oferta de cursos das duas instituições. Esta recomposição institucional pretendia ainda racionalização de meios através de partilha das várias estruturas, que vão desde serviços de apoio, alunos e professores. O objectivo desta fusão era transformar a Universidade de Lisboa na maior do país.» (Público, 30 de Janeiro de 2008)

Que, ao contrário da necessidade que apontam todos os diagnósticos, a política de ensino superior não promova a fusão de instituições de ensino superior, já se sabia. Estava-se, no entanto, longe de imaginar que, além disso, o próprio ministro da pasta não visse com bons olhos e se opusesse a iniciativas que surjam nesse sentido por partes das próprias instituições. Sendo ele próprio professor da maior faculdade de engenharia do país, integrada na Universidade Técnica de Lisboa, uma rival da Universidade de Lisboa, é caso para perguntar: de que é que tem medo Mariano Gago?
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