2008-02-04

O desplante de Manuel Serrão

Recentemente, Manuel Serrão, um JEEP (lembram-se? Jovem Empresário de Elevado Potencial que, no caso de Serrão acrescentaria Realizado) que fala alto, apareceu várias vezes na televisão. Em vários canais, em diferentes dias, horários e programas. Numa paisagem televisiva muito pouco heterogénea na escolha dos convidados, não é surpreendente que a mesma personagem tenha esta capacidade de omnipresença. O que causa alguma estranheza é Serrão envergar camisolas Gant com marca bem visível em todas as suas aparições televisivas. Poderia pensar-se que o homem possui uma paixão pelas camisolas - tanto mais que uma delas serviu-lhe para mais do que um programa - mas aqui não se acredita em paixões comerciais desinteressadas. O que incomóda neste caso não é tanto o desplante de Serrão que provavelmente não é pago por aparições esporádicas como será o caso, embora, se tenha que admitir que o valor comercial da promoção efectuada valerá alguns milhares de euros. O que mais incomóda é que tudo isto cheira a um comérciozinho envergonhado que este país muito aprecia. Não terão as televisões guias de conduta inequívocos nesta matéria? Quais são as trocas e compensações destas práticas? Ou as camisolas de Manuel Serrão irão despoletar a necessidade duma nova lei de televisão?
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