2008-04-09

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Inserção na vida activa
Por Sílvio Brito

A inserção na vida activa é uma construção social e uma aprendizagem gradual dos jovens como adultos, que ainda não se encontra dinamizada e institucionalizada, com seriedade, na nossa cultura. Deveríamos focar que esta transição da adolescência para a idade adulta resulta de um processo de mutações biológicas e psicológicas que distinguem e diferenciam os jovens face ás suas aspirações.

No Ensino Superior isso significa estar ligado a futuras transformações sociais, a processos onde se vive um sentimento de pertença para a constituição de uma sociedade mais justa para os cidadãos: operar nas redes sociais mudanças biológicas e psicológicas (mais importantes), onde sobretudo a nível afectivo (está a decorrer um programa nacional sobre o desenvolvimento de afectos) adquirem novas competências cognitivas, morais e sociais, alterando a sua posição, tanto nas relações familiares como nas relações sociais.

Surge aqui, da parte de um jovem, o desejo de autonomia, capacidade, desautorização, desidealização, dos pais, ocorrendo um investimento em grupos afiliativos (muitas vezes desencorajados por pais e professores), do mesmo segmento etário. Tais factores unem-se na configuração de um campo psicológico e social.

Não são apenas as variáveis psicológicas que passam a accionar o comportamento mas também outras como as ecológicas, em que o jovem é estimulado a actuar sobre um conjunto de forças físicas, ambientais, institucionais e grupais. Este campo suscita nos jovens a criação e o reforço duma nova identidade. Este movimento faz apelo aos seus colegas de incertezas, solidários nas mesmas experiências, desenvolvendo uma rede de relações e pertenças emocionalmente fortes, solidificadas por mecanismos de controlo grupal, comparado e diferenciado.

Crenças, sentimentos, projectos, identificam os jovens, sendo passíveis de mutações (inevitáveis) para empreender a reestruturação da etapa da vida que separa a actividade escolar e o mundo do trabalho para o qual se prepararam. Muitas vezes se coloca, erradamente e salvo melhor, importância naquilo que o jovem já sabe ou devia saber, e não naquilo que ele poderá fazer em conjunto com aquilo que poderá aprender, e isso provavelmente despoletaria na bagagem de conhecimento potencial, que acima vimos, algo cinético e materializável do ponto de vista da capacidade de empreender.

Sílvio Brito é licenciado em Gestão dos Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho pelo ISLA, Mestre em Gestão, na área do Comportamento Organizacional, pela Universidade Lusíada, e Doutor em Psicologia Evolutiva e da Educação, pela Universidad de Extremadura, Espanha.
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