2008-04-14

Tecnologia com arte

Gosto dos meus colegas de engenharia. E digo-o sem qualquer ponta de ironia. Aliás, isto é algo que sempre me perseguiu na vida. Já quando andava a licenciar-me pelos domínios da gestão (apesar de tudo uma ciência social), os meus melhores amigos eram de engenharia. Sempre assim foi. Por isso, agora que se ensaia a reestruturação das faculdades da minha universidade, parece-me que a ideia dos meus colegas de engenharia organizarem uma exposição intitulada "Tecnologia com Arte" mostra não só muita tecnologia mas também muita arte no ofício de reestruturar universidades (daí que este seja um motivo porque gosto deles). A exposição apresenta-se nos seguintes termos:

«À Escola de Engenharia da Universidade do Minho facilmente associamos investigação científica, computadores, laboratórios, ruídos de máquinas, desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e materiais, etc. Em suma, engenheiros e futuros engenheiros numa eterna busca de processos que nos propiciem uma vida melhor. Porém, dificilmente associamos a Escola de Engenharia da Universidade do Minho a um espaço onde a Arte impera. Não descortinamos habitualmente Arte nos seus estudos nem nas respectivas aplicações. Não descortinamos facilmente Arte nos seus laboratórios e nos equipamentos que aí se utilizam… Será que Arte, entendida neste caso como produto portador de beleza, anda dissociada de Engenharia? Seguramente que não. A Exposição Tecnologia com Arte pretende dar a conhecer a «beleza» latente no trabalho desenvolvido pelos diferentes departamentos da Escola de Engenharia da Universidade do Minho. Considerando que uma bela imagem é capaz de cativar a nossa atenção, de transmitir sensações e de ajudar a olhar para algo de um modo diferente, a exposição aborda o tema Engenharia associando o texto a imagens com uma forte componente estética. Os pormenores artísticos em equipamentos, processos produtivos, produtos usados e criados nos diferentes departamentos foram captados pela objectiva do fotógrafo para nos suscitar curiosidade, sensações, enfim, para nos permitir «ver» e «sentir» para além do rigor, da objectividade e da tecnologia existentes numa Escola de Engenharia.»

Os destaques são meus, mas o texto é dos meus colegas de engenharia. Em síntese, se eu bem os conheço (e não conheço mal), a mensagem é simples: «se alguém lhe ocorrer criar uma faculdade de artes, bem que pode desistir da ideia. A arte é na escola de engenharia». E a exposição é no Centro Cultural Vila Flôr, em Guimarães. Abre hoje e encerra no dia 20.

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