2008-05-23

Quem manda?

«Quem manda? Ou teoria da conspiração? Primeiro foi a OTA… que depois de muito "jamais" foi mudada para a margem sul. Perderam-se as mais valias dos terrenos mas em contrapartida, em Alcochete, o valor acrescentado da construção está garantido. Claro que não interessa perceber se o aeroporto de Lisboa está esgotado, se a retirada de Figo Maduro da Portela seria uma solução, da mesma forma como a possível utilização para companhias low-cost do aeroporto do Montijo não se discute! Diga-se de passagem que na ANA até demitiram funcionários experientes pois provaram que do ponto de vista técnico era possível operar a solução mista conjunta Montijo e Portela sem qualquer problema ou diminuição de segurança. E ponto final. Depois o famoso TGV, cuja negociação deu direito a voo exclusivo de ministro francês carregado de empresários até Lisboa! Um sucesso. Só ninguém é que sabe porquê! Pena é que o actual comboio de alta velocidade vá ser posto de lado e as melhorias de vinte anos feitas na ligação do Porto a Lisboa sejam, como estamos num país rico, deitadas para o caixote do lixo. Sim, pois com o TGV o Porto ficará a uma distancia de menos meia hora e, como de costume, o valor acrescentado da construção de toda uma nova linha para alta velocidade… não de perde. Depois… bem depois, a reorganização da frente ribeirinha do Tejo! Ah sim. Que maravilha. As dúvidas, os atropelos, a falta de transparência são tantos que o Professor Cavaco até de pronunciou, mas foi rapidamente silenciado! Mais uma vez, ficará a mais valia de vinte e tal quilómetros para criar construção! Finalmente, temos que estar orgulhosos também, pois sossegados já estamos certamente, com o que se prepara com a construção e exploração de mais mil e oitocentos quilómetros de auto-estradas, nas famosas parcerias publico-privadas, em que os primeiros, ou seja, o Estado nada paga e os privados investem. Investem a troco de quê? Das receitas garantidas, mas cujo pagamento só se iniciará em 2013 depois de o próximo governo PS ter ido às malvas. Imaginem quem vai pagar? Ah, que alivio. Não não é o Estado. São dez milhões de clientes forçados como de costume. Mais uma vez as mais valias que a construção de tais infra-estruturas permite é que interessam. Claro que a situação totalmente degradada e de pouca vergonha que se vive no sector da saúde, no sector da educação ou na justiça, de nada revelam. Assim como o brutal aumento de receitas fiscais com que o governo do partido socialista nos tem brindado e que vai continuar. Para ajudar a esta festa, temos um ministério da Agricultura que só nos faz rir com as recomendações emanadas, uma ASAE que nos reconforta como consumidores afastando a perigosa bola de Berlim dos nossos apetites estivais, um ministro da economia que em matéria de concorrência no cartel dos preços de combustíveis anda distraído, no mínimo, sendo que se afigura como plausivel que, tal como o nosso primeiro, também não sabia que nos aviões não se fuma e que portanto sofre possivelmente de Alzheimer precoce. Conclusão, recomenda-se aos investidores a aquisição de acções da Mota Engil, Teixeira Duarte, Brisa, Galp Energia e outras que tais, pois não existe qualquer duvida que estas empresas estão no rumo certo. E que depois, feitas as mais valias, emigremos todos para um lugar mais sério e tranquilo.» (Mensagem de correio electrónico, 20 de Maio de 2008)
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