2008-07-29

Riscas, bolas e bolinhas

Simpáticas, duas ex-alunas de negócios internacionais entraram-me pelo gabinete adentro. Embora não tenha por princípio negar o atendimento a alunas simpáticas, apresentaram outro argumento irrecusável: só queriam cinco minutos do meu tempo. Diz a experiência que quando um aluno pede cinco minutos do tempo do professor, o mais provável é que a verdadeira necessidade seja de uns bons 50 minutos. Tratando-se, contudo, de ex-alunas que já dominam a matéria (e, de facto, elas tinham obtido excelentes classificações em estratégia internacional), fiquei ainda mais curioso sobre aquilo que necessitavam. E tinha razão; queriam, nada mais, nada menos, que lhes comentasse a estrutura de um plano de negócios, ainda por cima para um trabalho duma disciplina de outro professor! Mas a estrutura de um plano de negócios não é uma fórmula matemática que se avalie em cinco minutos. Menos ainda para outro professor. Para mais tratando-se da abertura duma loja lá longe, em Nova Iorque. Ainda, por cima, duma empresa portuguesa de vestuário, de seu nome Vicri. Se dúvidas existissem de que os professores aprendem imenso com os seus alunos (e ex-alunas), elas dissiparam-se porque, imperdoavelmente, eu desconhecia esta Vicri. Lá me explicaram que a Vicri vende camisas a 70 contos, que o Manuel Goucha veste roupa Vicri e, imagine-se, que o vestuário da Vicri possui riscas e bolinhas! Como reconhecidamente Goucha veste bem - e, convenhámos, começa a manhã com boas companhias -, fiquei rapidamente a conhecer o estilo! Ora bolas e bolinhas, já viram o que tinha deixado de aprender se negasse o atendimento às minhas ex-alunas?
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