A vingança da agricultura
Por José Figueiredo
A agricultura em Portugal definha há bastantes anos, por muitos motivos, quer por influências internas, quer por imposição externa. De acordo com o Eurostat (European Commission, Eurostat, “Europe in Figures”, Eurostat Yearbook 2006-07), o valor acrescentado da agricultura e pescas, representava em 2000, 3,8% do total da economia portuguesa, enquanto que em 2005, este valor se cifrava em 2,9% do total da economia.
Mas, para o conjunto de países da UE-25, a representatividade da agricultura e pescas, não é muito diferente. Em 2000, este sector representava 2,3% do total da economia europeia, enquanto que em 2005, só representava 1,9%.
Numa altura em que o mundo económico era constituído em grande medida pelos países da OCDE, os produtos agrícolas foram desprezados porque a procura era baixa e os subsídios até ajudavam a diminuir a oferta. Se a Política Agrícola Comum (PAC) incentivou a especialização e sofisticação da produção, também contribuiu para o abandono do espaço rural.
Hoje, Portugal tem menos agricultores, tem menor produção agrícola e terá eventualmente melhores produtos e um nível de produtividade superior. Contudo, a situação da agricultura é dramática porque a média de idades dos agricultores é de 55 anos!
Sabemos que os países do Novo Mundo (os EUA, a Austrália, a Argentina ou a Nova Zelândia) têm uma agricultura de elevada produtividade, muito por via da investigação científica que conduziu à criação de melhores sementes e de pesticidas mais eficientes. Ou seja, a agricultura nestes países é mais sofisticada, mais especializada e profissionalizada.
O que fazer então, numa altura em que chegaram ao mercado cerca de dois mil milhões de potenciais consumidores, dos países emergentes, que ajudaram a aumentar a procura dos alimentos e que fizeram disparar os seus preços? O Ministério da Agricultura quer atrair os jovens à actividade agrícola, lançando proximamente uma nova Lei do Arrendamento Rural e promovendo a criação de um banco de terras que combata o abandono rural.
Serão aquelas novas medidas suficientes para reverter a hecatombe agrícola em Portugal? Pensamos que não. O espaço agrícola português tem que forçosamente passar por uma maior profissionalização. E o que é que significa maior profissionalização na agricultura? Significa que os novos agricultores têm que manusear melhor algumas destas ferramentas: 1) perceber como funciona a oferta e a procura de produtos; 2) possuir uma perspectiva global de mercados; 3) gerir os recursos de forma mais flexível, quer sejam os novos pesticidas, as novas sementes ou os trabalhadores; 4) ter a noção clara sobre o significado de criação de marcas em produtos agrícolas.
Se não houver profissionalização na agricultura, bem pode o Governo continuar a elaborar nova legislação, a criar bancos de terra ou a aumentar os subsídios, pois a situação não melhorará. O que é dramático que venha a acontecer, pois Portugal tem imensas capacidades para ser um bom produtor agrícola, aliás como é no caso do vinho ou do leite.
José Figueiredo é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISCTE e pós-graduado em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa. Possui vasta experiência profissional em empresas como a Siemens, Mundial Confiança, Knorr Portuguesa, e Rural Seguros. Foi director de formação de executivos no Instituto Superior de Gestão. Actualmente é docente do Instituto Politécnico de Santarém, consultor e doutorando em Ciências Empresariais na Universidade do Minho.
Por José Figueiredo
A agricultura em Portugal definha há bastantes anos, por muitos motivos, quer por influências internas, quer por imposição externa. De acordo com o Eurostat (European Commission, Eurostat, “Europe in Figures”, Eurostat Yearbook 2006-07), o valor acrescentado da agricultura e pescas, representava em 2000, 3,8% do total da economia portuguesa, enquanto que em 2005, este valor se cifrava em 2,9% do total da economia.
Mas, para o conjunto de países da UE-25, a representatividade da agricultura e pescas, não é muito diferente. Em 2000, este sector representava 2,3% do total da economia europeia, enquanto que em 2005, só representava 1,9%.
Numa altura em que o mundo económico era constituído em grande medida pelos países da OCDE, os produtos agrícolas foram desprezados porque a procura era baixa e os subsídios até ajudavam a diminuir a oferta. Se a Política Agrícola Comum (PAC) incentivou a especialização e sofisticação da produção, também contribuiu para o abandono do espaço rural.
Hoje, Portugal tem menos agricultores, tem menor produção agrícola e terá eventualmente melhores produtos e um nível de produtividade superior. Contudo, a situação da agricultura é dramática porque a média de idades dos agricultores é de 55 anos!
Sabemos que os países do Novo Mundo (os EUA, a Austrália, a Argentina ou a Nova Zelândia) têm uma agricultura de elevada produtividade, muito por via da investigação científica que conduziu à criação de melhores sementes e de pesticidas mais eficientes. Ou seja, a agricultura nestes países é mais sofisticada, mais especializada e profissionalizada.
O que fazer então, numa altura em que chegaram ao mercado cerca de dois mil milhões de potenciais consumidores, dos países emergentes, que ajudaram a aumentar a procura dos alimentos e que fizeram disparar os seus preços? O Ministério da Agricultura quer atrair os jovens à actividade agrícola, lançando proximamente uma nova Lei do Arrendamento Rural e promovendo a criação de um banco de terras que combata o abandono rural.
Serão aquelas novas medidas suficientes para reverter a hecatombe agrícola em Portugal? Pensamos que não. O espaço agrícola português tem que forçosamente passar por uma maior profissionalização. E o que é que significa maior profissionalização na agricultura? Significa que os novos agricultores têm que manusear melhor algumas destas ferramentas: 1) perceber como funciona a oferta e a procura de produtos; 2) possuir uma perspectiva global de mercados; 3) gerir os recursos de forma mais flexível, quer sejam os novos pesticidas, as novas sementes ou os trabalhadores; 4) ter a noção clara sobre o significado de criação de marcas em produtos agrícolas.
Se não houver profissionalização na agricultura, bem pode o Governo continuar a elaborar nova legislação, a criar bancos de terra ou a aumentar os subsídios, pois a situação não melhorará. O que é dramático que venha a acontecer, pois Portugal tem imensas capacidades para ser um bom produtor agrícola, aliás como é no caso do vinho ou do leite.
José Figueiredo é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISCTE e pós-graduado em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa. Possui vasta experiência profissional em empresas como a Siemens, Mundial Confiança, Knorr Portuguesa, e Rural Seguros. Foi director de formação de executivos no Instituto Superior de Gestão. Actualmente é docente do Instituto Politécnico de Santarém, consultor e doutorando em Ciências Empresariais na Universidade do Minho.