2008-10-14

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Porquê investir em Portugal?
Por José Figueiredo

Muitas razões levam os homens de negócio a investirem num ou noutro país. Podem ter fundamentos emocionais, embora na maior parte dos casos, a razão ou razões é que fundamentam a colocação dos capitais no país A ou no país B.

Num mundo globalizado, é mais complexo e mais atraente, para quem tem capital para investir, poder ter imensas alternativas de investimento. Existem múltiplos intermediários que ajudam a conduzir os investidores: 1) as consultoras; 2) a banca; 3) a diplomacia económica; 4) as associações de comércio; 5) ou as entidades supranacionais, como sejam o FMI, o Banco Mundial ou a OMC, que estabelecem índices de competitividade e de atractividade entre países ou regiões do mundo.

Recentemente, o Banco Mundial fez sair um relatório denominado “doing business” (www.doingbusiness.org) que tem em vista a comparação entre a regulação económica entre 181 países. Habituámo-nos à ideia de que os rankings valem pouco, mas ajudam a influenciar mentalidades de decisores que possuem dinheiro para investir. Sendo assim, os rankings vão valendo alguma coisa.

No relatório “doing business – 2009”, Portugal situa-se na 48ª posição, descendo 5 posições face a 2008. É esta uma boa ou uma má notícia? Uma boa notícia, não é com certeza, atendendo a que haverá sempre alguns dos destinatários que dão credibilidade a mais este ranking.

De que trata este ranking? Por exemplo: 1) procedimentos sobre a criação de um novo negócio; 2) as autorizações para o licenciamento de obras; 3) o emprego de trabalhadores; 4) o registo de propriedades; 5) o acesso ao crédito; 6) a protecção dos investidores; 7) o pagamento de impostos; 8) a aplicação dos contratos; 9) os procedimentos para o encerramento de um negócio.

Mais do que avaliar país por país, importa referir que as regiões do mundo que maiores reformas realizaram quanto à criação de maiores facilidades para a criação de negócios foram a Europa do Leste e a Ásia Central. Em contrapartida, os países desenvolvidos da OCDE, nos quais Portugal se integra, foram dos que menos reformas realizaram. Ou seja, países como o Azerbeijão ou a Albânia realizaram reformas significativas, no sentido de atraírem novo investimento estrangeiro.

Deveremos nós portugueses, ficar tristes ou desanimados? Não, até porque o programa Simplex é referenciado no relatório e até é dito que Angola se inspirou neste programa para realizar muitas das suas reformas. No entanto, é preciso não desdenhar ou menosprezar os países emergentes, que viveram durante décadas em situações políticas e sociais extremamente difíceis, e que parecem querer aprender a lidar com a realidade dos negócios internacionais. Quem sabe, se o Azerbeijão ou a Albânia não poderão vir a ser os casos de sucesso que são hoje a Irlanda ou a Eslováquia?

José Figueiredo é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISCTE e pós-graduado em Marketing pela Universidade Católica Portuguesa. Possui vasta experiência profissional em empresas como a Siemens, Mundial Confiança, Knorr Portuguesa, e Rural Seguros. Foi director de formação de executivos no Instituto Superior de Gestão. Actualmente é docente do Instituto Politécnico de Santarém, consultor e doutorando em Ciências Empresariais na Universidade do Minho.
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