2008-10-17

Queres carro novo?

«O especialista em Lei Financeira Internacional Jan Dalhuisen considerou hoje «muito perigosa» a «baixa» qualidade das carteiras de empréstimos dos bancos em Portugal, um país «onde toda a gente conduz um carro novo». «Sempre me questionei sobre como é possível que em Portugal toda a gente conduza um carro novo. É o único país no mundo onde isto acontece. Todos estes carros são propriedade dos bancos, mas toda a gente pensa que tem esse direito, o de andar em carro novo. E os bancos fornecem esse serviço», disse à Lusa o professor universitário holandês. «É o modelo que os políticos favoreceram em Portugal», acrescentou. Dalhuisen, que hoje dá uma conferência na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, é professor no King´s College, em Londres, na Universidade de Berkeley, Califórnia (Estados Unidos), e professor convidado na Universidade Tsinghua, em Pequim, e na UNSW de Sydney, Austrália. Em entrevista à agência Lusa, o especialista holandês considera que uma vez que «toda a gente tem um empréstimo bancário», a «qualidade da carteira de empréstimos [dos bancos] é baixa». «Isto é muito perigoso e [por isso] os bancos [portugueses] estão fracos», sublinhou o perito. Um cenário que se tornou mais evidente com uma crise financeira mundial que teve origem no mercado imobiliário norte-americano e que agora se estendeu a outros sectores e a outros continentes. «Isso é o que vemos agora, os bancos estão enfraquecidos - em parte devido ao comportamento tolo do público em geral - mas também porque os reguladores lhes mostraram o caminho. E agora há uma enorme pressão para que música pare e para que alguém apanhe os cacos», considerou Jan Dalhuisen. «Um exemplo simples que dou aos meus alunos: vocês, estudantes, não querem pagar serviços bancários, querem uma conta bancária gratuita, querem empréstimos bancários para estudantes e a baixo custo. Isso é tudo muito bonito, mas posso garantir-lhes que mais cedo ou mais tarde os vossos pais vão encontrar isso na conta dos impostos», exemplificou o professor. [...]» (Diário Digital, 16 de Outubro de 2008)
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