2010-08-12

Diário de Bordo (22)

[continuação] Algumas horas depois da chegada, por cortesia maternal, o Simão junta-se a mim e à Vespa para a jornada. No dia seguinte – o primeiro do Vespa World Days 2010 – rumou-se à aldeia Vespista, localizada em terreno anexo ao Estádio Municipal de Fátima, a aproximadamente três quilómetros do Santuário, no centro da freguesia.

A escolha de Fátima e deste espaço foi uma opção feliz. Em primeiro lugar, por estarmos no centro do país, a uma distância relativamente justa para os Vespistas portugueses. Mas também por Fátima possuir uma vasta oferta de alojamento, um aspecto nada desprezível para um evento desta dimensão. Acresce ainda o facto de haver um kartódromo a poucos quilómetros da aldeia Vespista e múltiplos pontos de interesse turístico à distância duma viagem de Vespa.

Por circunstâncias do acaso, fomos os primeiros a fazer o "check-in" no evento, confirmando a inscrição efectuada largos meses antes. Pelo menos foi isso que ocorreu na fila reservada aos portugueses, a que se juntavam filas reservadas para a língua italiana, espanhola e inglesa.


No saco, para além da paranfernália habitual nestas ocasiões, registou-se o insólito do pack incluir … umas palmilhas, estranha oferta proporcionada por um patrocinador. Ocorreu-me que compreenderia a oferta de um pneu para a Vespa, mas umas palmilhas!!! De mais positivo, registou-se a t-shirt oficial, num verde bem conseguido.

Entre as largas dezenas de Vespistas presentes às primeiras horas, misturavam-se "lone riders" e grupos de Vespistas que variavam entre pares e grupos maiores, geralmente enquadrados pelos respectivos clubes, provenientes de toda a Europa ocidental. Naquele momento, a chegada do grupo de Ferrara (Itália) foi a mais notada. Não só pela dimensão (seriam à volta de 50 Vespas) e por todos envergarem um pólo azul, mas sobretudo pela algazarra provocada. Italianos, pensei. Ocorreu-me ainda que o TIR estacionado ali perto teria sido muito provavelmente utilizado por este clube.

De entre todos os clubes presentes, o nosso destaque pela positiva vai, contudo, para o Vespa Amigos Madeira. Só o simples facto de terem colocado as suas Vespas num contentor do Funchal para o continente e terem atravessado o mar para o evento, justificaria a menção. Mas foi mais do que isso. Não eram mais de 15, mas chegaram discreta e ordeiramente. Com as fachas devidamente colocadas, marcaram presença à primeira hora do evento. Reparei neles. E venceram o nosso prémio de melhor clube Vespa presente no evento.


A aldeia Vespista foi um espaço digno, à medida das necessidades do evento. De um lado da aldeia situava-se o estádio municipal. Do outro, o parque de campismo improvisado para apoiar os Vespistas campistas. No interior, o maior destaque era mesmo o parque de estacionamento das Vespas. Contornado por alguns stands e bares, e por espaços próprios para animação nocturna e para o jantar de gala.

De entre os eventos do programa, quero aqui destacar os quatros passeios (cultural, rural e natureza, recreio e balnear, hitórico), cada um deles programado para várias saídas ao longo dos dias da jornada. Para além disso, o habitual: espectáculos nocturnos, passeio oficial, jantar de gala.

As Vespas eram obviamente o mais interessante. Também para elas temos um prémio. Difícil de atribuir. Nestas ocasiões, a escolha recai normalmente num daqueles modelos clássicos muito raros e que apresenta um estado original impecável ou um restauro perfeito. A nossa escolha foi, contudo, bem mais improvável. Recai sobre a banal LX, o actual modelo de entrada da marca. A LX em causa possui 125 c.c. e alberga matríula holandesa. Era nova – vi no seu conta-quilómetros que possuía pouco mais de 600 kms – e distinguia-se, em primeiro lugar pela cor, mas também pelos acessórios.

A Vespa em causa é cor de rosa, uma cor pouco provável, mas ainda assim com um tom rosa bem conseguido, muito melhor do rosa que integra o catálogo actual da Vespa em Portugal. O banco é branco contribuindo para um contraste suave. E, pasme-se, não possui "top-case", mas um cesto muito bonito, também ele branco. Todo o conjunto sai realçado pelos cromados que a acompanham de forma simples e harmoniosa, e pela primeira vez vi uma LX com todos os cromados, oferecidos normalmente como opção de compra. Enfim, uma Vespa toda ela feminina que se distinguiu na nossa escolha. Uma Vespa que gostaria de oferecer um dia à Sofia. [continua]
© Vasco Eiriz. Design by Fearne.