2015-09-28

Porta dos fundos

Apesar de algumas dificuldades instaladas na sociedade e na economia portuguesas, nas últimas semanas têm-se multiplicado os gestos de solidariedade para com os refugiados que entram às centenas de milhares por essa Europa fora.



São gestos bonitos, nalguns casos tocantes, embora muitos deles, provavelmente a maioria, não passem de discursos inconsequentes de boa vontade. Apesar disso, há já inúmeras "instituições", autarquias e famílias que deram passos concretos e se chegaram à frente.

Não colocando em causa essa boa vontade e altruísmo, ainda assim, para que fiquemos com uma noção mais precisa da solidariedade que por aí se tem manifestado, proponho que haja transparência completa e clara dos financiamentos que irão alimentar o negócio do recebimento de refugiados. Refiro-me ao financiamento dos próprios refugiados mas também ao financiamento dos seus albergues, sejam eles as tais "instituições" ou pessoas individuais.

Aos poucos vão-se sabendo alguns números curiosos - por exemplo, há na Europa refugiados cujo estatuto lhes garante subsídios bem superiores ao vencimento de muitos trabalhadores - que vão suscitar questões e debates interessantes. Por outro lado, a experiência das últimas décadas com fundos europeus para os mais diversos fins recomenda este escrutínio que proponho. Veremos depois se, para além dos redes criminosas de transporte de refugiados que a consciência europeia muito critica, não haverão outras redes mais ou menos institucionalizadas a lucrar com o negócio. Ficará mais clara a medida de solidariedade que nos move.
© Vasco Eiriz. Design by Fearne.