O passado e a história duma empresa é um dos seus recursos. Mesmo quando um negócio passa por transformações profundas impulsionadas pela tecnologia, concorrência e alteração nos padrões de compra e consumo, não há maneira de apagar o passado, embora este possa ser relatado duma ou de outra forma.
A Cachapuz, empresa visitada recentemente em Braga, é um exemplo disso. As suas origens mais próximas em termos de atividade industrial remontam a 1920 com a produção das suas primeiras balanças, naquele tempo feitas em madeira. Hoje em dia, passados quase 100 anos, a empresa apresenta-se como «líder e pioneira em Portugal na concepção e fabrico de equipamentos de pesagem e uma referência europeia no desenho e implementação de soluções de software para a pesagem industrial». É detida pelo Bilanciai Group, empresa de origem italiana que adquiriu a Cachapuz num processo de entrada gradual que concluiu em 2011, há poucos anos portanto.
Na visita foi apresentado um vídeo institucional a que se seguiu uma exposição de Graça Couto, responsável da empresa que destacou alguns fatos da Cachapuz. O grupo de aproximadamente 30 pessoas foi depois repartido em dois, tendo também sido acompanhado por Jorge Andrade, outro dos quadros de topo da empresa.
A empresa produz equipamentos de pesagem - vulgo balanças -, que incorpora com software e processos de automação. Se pensarmos numa pequena balança de supermercado para pesar alimentos, talvez o tipo de produtos desta empresa nos seja familiar e fácil de compreender. Se, contudo, pensarmos que neste momento, uma das principais soluções saídas da Cachapuz é um sistema de pesagem e controlo para a indústria cimenteira, então talvez se consiga imaginar um negócio industrial que vai muito para além da simples pesagem, neste caso de cimento, e, pelo apoio dado aos movimentos de mercadorias, meios de transportes, entradas e saídas, se aproxima da logística, incorporando cada vez mais sistemas de informação para gestão e controlo de processos.
A visita serviu-me por isso para questionar alguns preconceitos como, por exemplo, o de que a distribuição - com destaque para o retalho alimentar - fosse o seu principal cliente. Conclui igualmente que a Cachapuz é, apesar de tudo, uma pequena empresa: a sua dimensão ronda os quatro milhões de Euros em vendas com aproximadamente 30 por cento de exportações, e integra 60 pessoas com uma idade média de 44 anos.
De resto foi também com curiosidade que se ficou a saber que Braga concentra 98 por cento do sector, embora, deva reconhecer, desconheça a dimensão deste sector. O facto é de tal forma curioso que a própria Cachapuz criou uma marca que traduz essa importância: «Braga, Cidade da Balança». – 15|11|2016