Carregar a G3 de um camarada não é um exercício fácil. Em marcha, uma descompensação destas no pelotão é um problema. Para cada homem em sérias dificuldades, são necessários vários outros para que ele, e em consequência todo o corpo, não fique para trás: um leva-lhe a G3, dois outros suportam o homem em dificuldade levando-o consigo, e dois outros levam as armas destes dois! Isto é, cinco homens para compensar um outro em dificuldade. Se pensarmos que para esses cinco é já de si difícil carregar o seu fardo, é recomendável que existam outros tantos de sobreaviso para se revezarem no esforço. Um bico de obra, é o que é, sobretudo quando no pelotão falha mais do que um homem.
Durante a semana que passou, lembrei-me bem deste e de muitos outros episódios desses «bons tempos». Camaradagem, sacrifício e superação, espírito de corpo e dever, comando e disciplina, é com estas e outras propriedades que se fazem militares. Chuva civil não molha militar, dizia-se. Tive ocasião de o recordar em visita às três escolas superiores universitárias de natureza militar que existem no país. Estas escolas - Academia Militar, Escola Naval, Academia da Força Aérea - estão integradas no Instituto Universitário Militar, entidade de coordenação do ensino superior universitário militar em Portugal.
Foi uma semana intensa, dificilmente repetível e de grande aprendizagem que ajudou a conhecer melhor a instituição militar portuguesa e as suas especificidades e vicissitudes na formação superior universitária. Foi gratificante conhecer a longa e curiosa história da sede da Academia Militar no centro de Lisboa, e respirar o cheiro do terreno do seu campus da Amadora, termo delicado para designar um espaço de instrução militar. Foi ainda possível visitar as instalações da Escola Naval e avistar a frota no Alfeite, Almada. Apesar de tudo, uma frota grandiosa para um civil, ancorada em águas doces e calmas. Foi finalmente estimulante sentir as correntes arejadas da base aérea de Pêro Pinheiro, em Sintra, onde funciona a Academia da Força Aérea.