2003-06-26

Aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento
ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO
Por Elisabete Serapicos

As transformações ocorridas – frutos da globalização, da disseminação da tecnologia da informação, do surgimento das redes mundiais, etc. – trouxeram à superficíe uma nova era cuja fonte fundamental de riqueza é o conhecimento. Neste contexto, as empresas passam a moldar ou adequar seus processos organizacionais – abandonando parâmetros industriais – à nova economia do conhecimento.

Toffler (1980), no seu livro “A terceira onda”, divide a história da civilização em três grandes ondas de transformação: a revolução agrícola (primeira onda), a revolução industrial (segunda onda) e a revolução da informação (terceira onda).

O aparecimento da agricultura foi o primeiro ponto decisivo para o desenvolvimento social da humanidade. Toffler (1980) estima que a primeira onda tenha começado por volta do ano 800 a. C., estendendo-se por muitos anos. Essa civilização agrícola teria dominado a Terra até meados de 1650 ou 1750 d. C. e, a partir de então, a segunda onda, ou seja, o acesso à civilização industrial, teria começado a ganhar força. Neste período, os novos paradigmas passaram a ser determinados pelos processos produtivos que se massificaram a partir de novas tecnologias, gerando a urbanização e a formação de uma sociedade industrial. Na terceira onda, a maneira industrial de perceber o mundo já não reflecte a visão de muitas pessoas. Para Toffler (1980) a terceira onda representa uma economia baseada na informação e no conhecimento.

Seguindo o pensamento de Toffler, outros autores como Drucker e Senge começaram a analisar como seriam as próximas ondas. Drucker (1998), afirma que o crescimento económico futuro só é viável a partir de um aumento sensível e contínuo da produtividade do conhecimento. Senge (1998) sustenta que, cada vez mais, as organizações conseguirão vantagens competitivas através da criação e da troca de novos conhecimentos. Classifica-se o momento actual da nova economia com base, entre outras características, nas formas de transacção económica, no perfil do novo profissional e na presença da tecnologia.

Nos últimos anos, mudou-se o foco de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento. Foram vários os factores que contribuíram para essa mudança, desde transformações na economia e no valor dos activos mais significativos, até no perfil exigido do colaborador.

Para Stewart (1997) e Sveiby (1997), as organizações do conhecimento são aquelas que contam com uma estrutura focada no conhecimento e não no capital; aquelas cujos activos intangíveis são muito mais valiosos do que seus activos tangíveis; cujos trabalhadores são profissionais altamente qualificados e com alto grau de escolaridade. Presencia-se, actualmente, a multiplicação de organizações cujo principal activo é um bem intangível chamado conhecimento. É o caso da Microsoft, SAP, Oracle e Astra. Como essas organizações não negociam seus activos intangíveis, o seu valor não pode ser deduzido das transacções de mercado de rotina como acontece com o valor dos activos tangíveis. Sveiby (1997) afirma que esse valor acaba por aparecer indirectamente, no mercado de acções ou quando a organização é vendida. Desta forma, quem compra a organização paga um ágio sobre seu valor contabilístico.

Reconhecendo o conhecimento como o principal activo dessas organizações, autores como Stewart (1997) e Sveiby (1997) passaram a denominá-las de “organizações do conhecimento”.

Bibliografia

Davenport, Tom H.; Prusak, Laurence. Working Knowledge : How Organizations Manage What They Know. Harvard Business School Press, 1998
Drucker, Peter. Programe-se para o futuro: os desafios dos países desenvolvidos HSM Management. Barueri, ano 2, n.º 8, pp. 48-54, Mai./Jun. 1998.
Senge, Peter. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1998.
Stewart, Thomas A.. Intellectual Capital: The New Wealth of Organizations. Doubleday. Currency, 1997
Sveiby, Karl Erik. The New Organizational Wealth: Managing & Measuring Knowledge-Based Assets. Berrett-Koehler Publishers, Inc, 1997
Tofler, Alvin. A terceira onda. 14.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1980.
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