2009-05-21

Governo forte com os fracos

Soube-se que «o ministro das Finanças considera que as remunerações dos gestores das empresas cotadas devem ser divulgadas de forma individualizada». E dito isto, fica a ideia de que embora a postura do ministro não seja tão circense como a do colega da Economia, arrisca-se, ainda assim, a ser tão rísível como a deste. Vejamos porquê.

O que faz rir, não é tanto o Governo e o PS rejeitarem propostas em tudo idênticas da oposição para fazerem vingar as suas. Algo, a que, aliás, já estamos habituados. Mas, como digo, não é este o problema principal na questão de tornar públicos os salários individuais dos gestorem das empresas cotadas. O que incomóda - ao ponto de fazer rir - é que a empresa que pratica os salários mais elevados - na casa de aproximadamente um valor médio de 1,8 milhões de euros por gestor de topo ao ano (repito, valor MÉDIO de UM VIRGULA OITO MILHÕES DE EUROS POR ANO) - é, ela própria, controlada pelo Governo. Trata-se da PT, empresa na qual o Estado possui uma "golden share" e, como tal, para o bem e para o mal, controla o seu destino.

Daí que se coloque uma questão incontornável: se, de facto, o Governo pretende revelar os salários individuais (e, em muitos casos, salários obscenos, sobretudo em empresas protegidas como a PT) destes gestores, porque não dá ele próprio o exemplo, impondo essa medida nas empresas que controla? Ou será que, como muitos de nós sabemos, este Governo só é forte com os fracos?
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