2009-11-17

A política, a seriedade, o presidente, e a vereadora

Já aqui se criticou o desplante com que a maioria socialista eleita para a Câmara Municipal de Monção faz trocas e baldrocas entre vereadores. Efectivamente, não considero politicamente aceitável que se coloque uma mulher em terceiro lugar duma lista candidata a uma câmara municipal com o único intuito de se cumprir a lei da paridade e, após o resultado eleitoral, pura e simplesmente se ignora a escolha eleitoral. O caso é tanto mais grave vindo de um partido que teve especial responsabilidade nesta lei. Afinal, que moralidade é esta?! Faz-se aprovar uma lei e é este o exemplo que se dá na sua aplicação?

Como se não bastasse, a senhora que se sujeitou a esta utilização descartável vem hoje dar uma entrevista ao Diário de Notícias sobre o assunto, onde nos serve dois brindes. Começa por fazer referência ao primeiro, segundo e quarto candidatos da lista (ela era a terceira, para cumprir a lei da paridade) e diz-nos: «No caso da Câmara de Monção, seria impensável separar estes três homens, que estão no cargo, juntos, há tanto tempo.» Para quem desconhece a realidade, fica a ideia de que entre eles reina uma santa paz, não fosse o facto de haver divergências graves entre os dois vereadores. E, de facto, já lá estão há 12 anos!

Mas há uma outra pérola: «Gosto da política e de trabalhar para as pessoas, mas acho que a política deve ser para depois de se dar provas de competência profissional e seriedade. Só depois disso é que se deve seguir para a vida política. No meu caso, quando for mais velhinha é que penso estar à altura.» Ooops: só depois de dar provas de seriedade?! Onde é que ficou essa seriedade no episódio da escolha dos vereadores?! Numa coisa, a senhora vereadora parece ter razão: alguém não está à altura da seriedade. Será ela? Será o Presidente? Ou serão os dois?
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