2012-09-14

Pedagogia nos dias que correm

Uma colega da universidade escreveu-me pasmada com a avaliação que os estudantes tinham feito do seu desempenho. Ela que tinha cumprido o programa, sido pontual e assídua, e nunca teve qualquer problema de relacionamento com os estudantes, antes pelo contrário, tinha acabado de receber uma das suas piores avaliações! E eu respondi-lhe assim: «A avaliação dos alunos é sempre matéria insondável e sujeita a influências desconhecidas. Por mim, já me habituei a descartar estas avaliações, quer tenham resultados muito bons ou muito maus. Talvez a [nome da colega] deva fazer o mesmo e não dar demasiada importância ao assunto, tanto mais que o processo de recolha de dados não é, infelizmente, fiável, pois existem algumas fontes de erro que são graves! Já agora, deixe-me fazer uma apreciação sarcástica: nos dias que correm já não tenho a certeza que para se ser um bom professor se deva dar todo o programa, ter assiduidade, e ser pontual. Há exemplos de professores bem reconhecidos na carreira pelos seus pares que se caracterizam precisamente pelo contrário. Devo também dizer-lhe que conheço um professor - eu próprio - que tem alguns problemas sérios com alguns estudantes porque é demasiado pontual! Esse professor não deixa entrar os estudantes na sala a partir de determinada hora que com eles foi combinada. Claro que esse professor é "careta" para alguns desses estudantes e isso reflecte-se na avaliação que eles fazem dele. Dado este exemplo, está tudo dito.»
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