2014-09-26

A continuares assim, vais acabar a fazer a Feira dos Santos

Está excitadissímo com a sua primeira venda no Fnac MarketPlace. Agrada-lhe tanto ou mais testar o modelo de negócio, o sistema de informação e a logística desta gente que tem «pour ambition de renforcer nos positions sur nos marchés» do que propriamente os parcos cobres arrecadados. Não rejubila plenamente porque o pragmatismo recomenda-lhe não lançar foguetes antes de ver o correspondente crédito bancário. Mas foi uma boa forma de se ver livre daquele longo livro de psicologia infantil, esperançado que a menina Tânia, a sua primeira e simpática cliente de Santarém, possa tirar dele mais proveito. Nem uma página tinha lido, mas para psicologia e infantilidade de mãos dadas, bastou-lhe. Para além do preço, os argumentos do anúncio eram embatíveis: «Estado impecável; nem sequer foi lido; terceira edição; capa dura».



Antes de o colocar numa caixa de perfume da Agatha Ruiz de la Prada que encontrou na garagem, embalou o livro numas folhas do Diário do Minho, o jornal da Arquidiocese de Braga, também ele na garagem a caminho da reciclagem. E ocorreu-lhe que tudo junto - a psicologia, Agatha e a Arquidiocese - seriam uma fórmula de sucesso ou, como se diz agora, uma proposta de valor. Depois fez-lhe um embrulho em papel daqueles que só ele sabe fazer. E siga que se faz tarde. A cliente aguarda pela mercadoria.
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