A demografia é implacável. Já se sabe o que esperar das próximas décadas: acentuada redução populacional; grave envelhecimento. O processo não é de agora. Tem anos. Ler as estatísticas ajuda mas uma imagem vale mil indicadores. Fiquei com uma imagem marcante sobre este fenómeno quando, já lá vão uns meses, ao entrar num centro comercial, no local onde anteriormente se encontrava uma loja de vestuário e acessórios para bebé e criança, passou a existir uma loja de alimentação e acessórios para animais de estimação. A imagem - forte e simbólica - ficou. Mostra as mudanças em curso na sociedade duma forma algo cruel, tenho de admitir, mesmo gostando de cães. Há mais.
Há semanas, uma qualquer manchete noticiava que em Portugal já existem mais animais de estimação do que crianças. E agora, também o Lidl, na mesma newsletter que propõe produtos de costura, avança em simultâneo com o "Dia do Animal & Moda Criança". Ao lado de camisolas, casacos e calças para criança pode encontrar em maior destaque uma "luva/pente para cuidar do pelo - ideal para cães e gatos", tosquiadores e arranhadores. Mas não é preciso esta campanha para compreender o fenómeno. Basta verificar o espaço crescente que os supermercados dedicam às secções de alimentos e acessórios para animais para se compreender melhor a demografia. A propósito, hoje é o dia mundial do animal.