2009-11-22

O estranho caso de um presidente de câmara que não encontra um vereador e pensa recorrer à Polícia Judiciária para o efeito

«Em Monção, o novo mandato autárquico parece ter começado com o pé esquerdo. Isto porque a maioria socialista do executivo se queixa de não encontrar forma de notificar o único vereador da oposição, o social-democrata Jorge Nande, para as reuniões camarárias. De acordo com o autarca José Emílio Moreira, já foram tentadas várias formas de avisar oficialmente o vereador da realização das reuniões camarárias, mas as vias de contacto têm-se fechado todas. O autarca admite mesmo ter de recorrer à Polícia Judiciária para conseguir averiguar o paradeiro do vereador da oposição. José Emílio Moreira mostra-se claramente irritado com a postura do seu único opositor no seio do executivo municipal, e não poupa em “mimos” a Jorge Nande. Diz mesmo que ele é “um legalista armado em advogado”, e classifica-o como um “jovem velho”, que se “está a portar de uma maneira esquisita”. Acusa-o de ter atrasado o trabalho da Câmara em pelo menos oito dias, mas garante agora que não lhe vai “dar mais oportunidades para ele continuar a boicotar” o trabalho da autarquia.» (Rádio Geice, 17 de Novembro de 2009)

Dada a conotação judicial atribuida a este caso pelo presidente da câmara, não seria de equacionar antes recorrer ao Sherlock Holmes em vez da PJ? Ou mesmo ao Lieutenant Horatio "H" Caine? Depois de Miami, estaremos perante um caso a justificar uma temporada CSI Monção?! Atendendo à escassa falta de soluções evidenciada, em jeito de criatividade, este blogue faz uma outra sugestão: em detrimento de ocupar uma página inteira, provavelmente paga, do único jornal local com o seu discurso de tomada de posse, coloca um anúncio: «Procura-se vereador».

E passando esta fase de arranque irónico aos soluços, a que o senhor presidente da câmara não se furtou atribuir um significado risível com referência à Polícia Judiciária, eu como responsável da bancada social-democrata na Assembleia Municipal faço um apelo, bem mais importante: que o relacionamento cordial, rigoroso e de respeito pela lei e pelas diferenças vá para além do simples enunciado dos discursos da maioria socialista.

E porque estamos numa maré de procura, acrescento: é bem mais necessário que o executivo camarário procure formas de criar emprego local. Sem artificialismos. Conforme bem alertámos oportunamente, os números que nos chegam indiciam um problema deveras grave e em crescendo. Espera-se que a ninguém lhe ocorra recorrer à Polícia Judiciária para ciar empregos.

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